
- Álvaro de Campos é o mais moderno dos heterónimos de Fernando Pessoa, até pelo facto de, este estar formado em engenharia Naval e numa escola muito especial, em Glasgow).
- O seu autor (Fernando Pessoa) escreve os seus poemas segundo as características deste heterónimo quando sente um súbito impulso.
- Sente uma frustação total devido à incapacidade de unificar em si o pensamento e o sentimento.
- Apesar de Álvaro de Campos se caracterizar pelo sensacioniso, este diferencia-se de Alberto Caeiro, na medida em que para Campos a sensação vem do sujeito e não do objecto, apresentando assim um sensacionismo subjectivo.
- Incorporando todas as possibilidades sensoriais e emotivas, apresenta-se entre o paroxismo da dinâmica em fúria e o abatimento sincero, mas quase absurdo.
- Depois de exaltar a beleza da força da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida, a poesia de Campos revela um pessimismo agónico, a dissolução do "eu", a angústia existencial e uma saudade da infância irremediavelmente perdida.
- A sua poesia divide-se em três fases. Numa primeira fase, na decadentista, de seguida, na sensacionista e na futurista e, por fim , na pessimista.
1ª Fase de Álvaro de Campos- "Decadentismo"
- exprime o tédio, o enfado, o cansaço, a naúsea, o abatimento e a necessidade de novas sensações
- traduz a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia
- marcado pelo romantismo e simbolismo (rebuscamento, preciosismo, símbolos e imagens)
- abulia, tédio de viver
- procura de sensações novas
- busca de evasão
2ª Fase- "sensacionismo-Futurismo"
Nesta fase, Álvaro de Campos celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna. Sente-se nos poemas uma atracção quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Campos apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida. A “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima” são bem o exemplo desta intensidade e totalização das sensações. A par da paixão pela máquina, há a náusea, a neurastenia provocada pela poluição física e moral da vida moderna.
- celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna
- apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina
- exalta o progresso técnico, a velocidade e a força
- procura da chave do ser e da inteligência do mundo torna-se desesperante
- canta a civilização industrial
- recusa as verdades definitivas
- estilisticamente: introduz na linguagem poética a terminologia do mundo mecânico citadino e cosmopolita
- intelectualização das sensações
- a sensação é tudo
- procura a totalização das sensações: sente a complexidade e a dinâmica da vida moderna e, por isso, procura sentir a violência e a força de todas as sensações – “sentir tudo de todas as maneiras”
- cativo dos sentidos, procura dar largas às possibilidades sensoriais ou tenta reprimir, por temor, a manifestação de um lado feminino
- tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir
- exprime a energia ou a força que se manifesta na vida
3ª Fase- "Pessimismo"
- dissolução do “eu”
- a dor de pensar
- conflito entre a realidade e o poeta
- cansaço, tédio, abulia ("Um supremíssimo cansaço,/ íssimo, íssimo, íssimo,/ Cansaço...")
- angústia existencial ("Esta velha angústia"; "Apontamento"; "Lisbon revisited")
- solidão
- nostalgia da infância irremediavelmente perdida (“Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”, Aniversário)
- A nível estético-estelístico:
Verso livre, muitas vezes longo;
Estilo impetuoso, torrencial, nervoso e xcessivo, expressando o mundo das sensações e das máquinas;
Frases nominais
Desvios sintácticos
Interjeições
Substituição de fonemas
Uso de apóstrofes, exclamações, aliterações, anáforas, repetições, sinestesias, metáforas, personificações, hipérboles, onomatopeias, etc...
Sem comentários:
Enviar um comentário