quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Quem é verdadeiramente Fernando Pessoa?!!

Este vídeo mostra numa primeira parte o grande conlito que existe entre Fernando Pessoa e os seus heterónimos, pois chega-se a um momento que existe tantas "pessoas" dentro de Pessoa que já não se sabe quem é verdadeiramente Fernando Pessoa.


Acredita em ti e nos teus sonhos

A vida é demasiado breve, por isso, aproveita cada minuto como se fosse o último,vê o lado bom das coisas, vê acima de tudo as coisas maravilhosas da vida! Por muito difícil que seja às vezes, nunca percas a fé, a perseverança e principalmente a confiança em ti mesma.
Apesar de às vezes a vida parecer não ter sentido, logo a seguir vem um raio de sol
mostrar o quanto bom é viver e que tudo é possível!!
Acredita em ti e na vida que nem sempre é má!!!

Alberto Caeiro "O meu olhar é nítido como um girassol"

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

"Não esperes..."

Andava a a ver vídeos no youtube e deparei-me com este vídeo que me fez pensar muito nas asneiras que já fiz, que magoaram e desiludiram as pessoas que estavam comigo a qualquer momento e que me faziam felizes e dão sentido à minha vida. Tudo isto, pelo grande orgulho que não me fazia viver as situações e demonstrar o que verdadeiramente sentia.
Às vezes dizemos e fazemos coisas sem pensar e quando dámos conta, magoamos as pessoas que estão sempre ao nosso lado, o pior é que quando as perdemos é que lhes dámos o verdadeiro valor e vimos a grande falta que elas nos faz.
Apesar deste vídeo não ter nada a ver com a matéria abordada nas aulas de Língua Portuguesa, decidi colocá-lo, dando um conselho às pessoas, para pararem um pouco e pensarem nas pequenas atitudes no dia-a-dia com as pessoas, que ao contrário do que muitas vezes estamos à espera magoamo-as.



sábado, 1 de dezembro de 2007

Fernando Pessoa


Como tem referido no próprio trabalho, este foi elaborado por mim e pela minha parceira de turma, a Catarina Vieira!



quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Épocas em que se insere Fernando Pessoa

Modernismo e Orpheu: Consiste num movimento estético, onde a literatura surge associada às artes plásticas e é por elas influenciada, empreendido pela geração de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros e, polariza-se em torno da revista Orpheu (1.º número, 1915). A revista pretendia ser trimestral, mas apenas foram publicados duas edições, em Março e Junho de 1915. O terceiro número, apesar de preparado, não chegou a ser publicado.
O modernismo implicou uma nova concepção da literatura como linguagem, põe em causa as relações tradicionais entre o autor e a obra e suscita uma exploração mais ampla dos poderes e limites do Homem, no momento em que defronta um mundo em crise, ou a crise de uma imagem congruente do Homem e do mundo.




Futurismo: É um movimento artístico e literário, que surgiu oficialmente em 20 de Fevereiro de 1909 pelo poeta, escritor e protagonista italiano Filippo Marinetti. Os adeptos do movimento rejeitavam o moralismo, o passado e as suas obras baseavam-se fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos do final do século XIX. Os primeiros futuristas europeus também exaltavam a guerra e a violência.
O Futurismo desenvolveu-se em todas as artes e influenciou diversos artistas que depois fundaram outros movimentos modernistas.
Este movimento acabou com o eclodir da Primeira Grande Guerra, em 1918.
O Futurismo glorificou o Nacionalismo, levando à colaboração dos seus protagonistas com o Fascismo nascente.



Interseccionismo: Caracteriza-se pelo entrecruzamento de planos que se cortam: intersecção de sensações ou de percepções.
Verfica-se nos poemas de Fernando Pessoa, alguns deles, Hora Absurda e Chuva Oblíqua, uma intersecção de realidades físicas e mentais, de realidades interiores e exteriores.

Características da poesia de Pessoa ortónimo

A nível do conteúdo:

  • Despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica com a própria criação poética;
  • Construção da arte pelo recurso à ironia que põe tudo em causa, inclusive a sinceridade;
  • Intelectualização dos sentimentos pela elaboração da arte;
  • Tradução dos sentimentos na linguagem do leitor, pois o que se sente é incomunicável;
  • Drama da personalidade;
  • Interseccionismo entre o material e o sonho, a idealidade e a realidade como tentativa para encontrar a unidade entre a experiência sensível e a inteligência.

A nível estético- estilístico:

  • Versos geralmente curtos;
  • Muitas vezes, versos
  • Predomínio da quadra e da quadrilha;
  • Preocupação com a expressividade;
  • Musicalidade, ritmo e rima;
  • Antíteses, paralelismos, comparações, metáforas, trocadilhos, paradoxos...;
  • Uso frequente do Presente do Indicativo;
  • Presença de frases nominais;
  • Uso de símbolos;
  • entre outras...
Como não estava satisfeita com o trabalho que tinhamos elaborado, eu e a minha colega, dicidimos elaborar outro, que na minha opinião tem um efeito totalmente diferente e melhor. Também o poema ajuda!
Gostei especialmente de ter elaborado este Power Point, talvez porque tenha sido um pouco difícil encontrar imagens para certos versos. E como tudo que não é fácil ao fim de tar conquistado dá prazer, cá está!!! :) Mais uma vez, este trabalho foi elaborado por mim e pela minha companheira de sala, Catarina Vieira.



Heteronímia


"Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou
variamente outro do que eu que não sei se existe (se é esses outros).
Sinto crenças que não tenho. Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta traições
de alma a um carácter que talvez eu não tenha, nem ele julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Com o pateísta se sente árvore (?) e até flor, eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente de cada (?), por uma suma não-eus sintetizados num eu postiço."



Decerteza que já conhecem este pequeno excerto das Páginas de Autognose mas, mesmo assim, decidi colocá-lo no meu blog, porque considerei que é um texto que demonstra muito bem a fragmentação do eu e, como tal, coloquei-o para iniciar a aplicação de pequenas informações e curiosidades dos heterónimos de Fernando Pessoa.

Alberto Caeiro

Características de Alberto Caeiro:

  • Este surge por pura e inesperada inspiração ao Pessoa ortónimo, sem saber ou sequer calcular o que iria escrever.

  • É considerado o "mestre" dos heterónimos e até do próprio Pessoa ortónimo.

  • Caeiro vê na Natureza simplicidade, clareza e objectividade total, identificando-se assim com ela.

  • O seu amor pela Natureza está patente nas suas comparações do concreto e da vasta utilização do "Amo".

  • Só se importa em ver de forma objectiva e natural a realidade com a qual contacta a todo o momento.

  • É o poeta da simplicidade completa e da clareza total, descrevendo assim, o mundo sem pensar nele.

  • Dá importância ao acto de ver, mas é sobretudo a inteligência que discorre sobre as sensações.

  • Considera que "a sensação é a única realidade para nós".

  • Considero que é preciso aprender a não pensar , recusando o pensamento metafísico para não perturbar a captação objectiva da realidade.

  • Aprecia as coisas tal e qual como são, e procura a sua fruição despreocupada.

  • A nível da estética da sua poesia, este utiliza versos livres; mátrica irregular; ritmo lento; paralelismos, assíndetos; tautologias; presente do indicativo; frases simples, etc.
Quando Está Frio

Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável, Porque para o meu ser adequado à existência das cousas O natural é o agradável só por ser natural.

Aceito as dificuldades da vida porque são o destino, Como aceito o frio excessivo no alto do Inverno - Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita, E encontra uma alegria no fato de aceitar - No fato sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.

Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece Senão o Inverno da minha pessoa e da minha vida? O Inverno irregular, cujas leis de aparecimento desconheço, Mas que existe para mim em virtude da mesma fatalidade sublime, Da mesma inevitável exterioridade a mim, Que o calor da terra no alto do Verão E o frio da terra no cimo do Inverno.

Aceito por personalidade. Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos, Mas nunca ao erro de querer compreender demais, Nunca ao erro de querer compreender só corri a inteligência, Nunca ao defeito de exigir do Mundo Que fosse qualquer cousa que não fosse o Mundo.


Alberto Caeiro
O AMOR É...

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais
depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir
vendo tudo.

Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as
árvores altas.Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que
sinto na ausência dela.

Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol
com a cara dela no meio.


Alberto Caeiro
(É pena este poema não estar escrito no feminino, isto é, não ser uma poeta a escevê-lo, falando de um rapaz!!! :) )

O heterónimo Ricardo Reis


A sua poesia ao nível do conteúdo:
  • Há um sentimento da fugacidade da vida, mas ao mesmo tempo uma grande serenidade na aceitação da relatividade das coisas e da miséria da vida;

  • Como considera a vida efémera e o futuro imprivisível, Ricardo Reis estabekece uma filosofia de vida, de inspiração horaciana e epicurista, capaz de conduzir o Homem numa existência sem inquietações nem angústias;

  • Este heterónimo procura viver com o mínimo sofrimento;

  • Sendo epicurista, Reis defende o prazer com moderação e afastado da dor. Para isso, é neccessário encontrar a ataraxia, a tranquilidade capaz de evitar alguma perturbação;

  • A apatia, ou seja, a indeferença apresenta-se como seu ideal ético, pois para este, existe a necessidade de viver com calma e tranquilidade;

  • Procura alcançar a quietude e a perfeição dos deuses, desenhando um novo mundo à sua medida, que se encontra por detrás das aparências,

  • Ricardo Reis afirma uma crença nos deuses e nas presenças quase-divinas que habitam todas as coisas.

Ao nível estético-estilístico:

  • Verso rigoroso;

  • Uso da ode(própia para ser cantada) e do epigrama;

  • Etrutura formalmente perfeita;

  • Sintaxe apurada com o predomínio da subordinação;

  • Uso do hipérbato, das metáforas, comparações e imagens;

  • Preferência pelo imperativo e pelo gerúndio,

  • Uso do plura(influência do estilo horaciano).


"Não quero"

Não quero recordar nem conhecer-me.
Somos demais se olhamos em quem somos.
Ignorar que vivemos
Cumpre bastante a vida.

Tanto quanto vivemos, vive a hora
Em que vivemos, igualmente morta
Quando passa conosco
Que passamos com ela.

Se sabê-lo não serve de sabê-lo
(Pois sem poder que vale conhecermos?)
Melhor vida é a vida
Que dura sem medir-se.

O heterónimo Álvaro de Campos



  • Álvaro de Campos é o mais moderno dos heterónimos de Fernando Pessoa, até pelo facto de, este estar formado em engenharia Naval e numa escola muito especial, em Glasgow).


  • O seu autor (Fernando Pessoa) escreve os seus poemas segundo as características deste heterónimo quando sente um súbito impulso.


  • Para Campos a sensação é tudo, "sentir é tudo" e o seu desejo é "sentir tudo de todas as maneiras".

    • Sente uma frustação total devido à incapacidade de unificar em si o pensamento e o sentimento.


    • Apesar de Álvaro de Campos se caracterizar pelo sensacioniso, este diferencia-se de Alberto Caeiro, na medida em que para Campos a sensação vem do sujeito e não do objecto, apresentando assim um sensacionismo subjectivo.


    • Incorporando todas as possibilidades sensoriais e emotivas, apresenta-se entre o paroxismo da dinâmica em fúria e o abatimento sincero, mas quase absurdo.


    • Depois de exaltar a beleza da força da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida, a poesia de Campos revela um pessimismo agónico, a dissolução do "eu", a angústia existencial e uma saudade da infância irremediavelmente perdida.


    • A sua poesia divide-se em três fases. Numa primeira fase, na decadentista, de seguida, na sensacionista e na futurista e, por fim , na pessimista.



    1ª Fase de Álvaro de Campos- "Decadentismo"

    - exprime o tédio, o enfado, o cansaço, a naúsea, o abatimento e a necessidade de novas sensações


    - traduz a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia

    - marcado pelo romantismo e simbolismo (rebuscamento, preciosismo, símbolos e imagens)


    - abulia, tédio de viver

    - procura de sensações novas

    - busca de evasão


    2ª Fase- "sensacionismo-Futurismo"

    Nesta fase, Álvaro de Campos celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna. Sente-se nos poemas uma atracção quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Campos apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida. A “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima” são bem o exemplo desta intensidade e totalização das sensações. A par da paixão pela máquina, há a náusea, a neurastenia provocada pela poluição física e moral da vida moderna.

    - celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna

    - apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina

    - exalta o progresso técnico, a velocidade e a força

    - procura da chave do ser e da inteligência do mundo torna-se desesperante

    - canta a civilização industrial

    - recusa as verdades definitivas


    - estilisticamente: introduz na linguagem poética a terminologia do mundo mecânico citadino e cosmopolita

    - intelectualização das sensações

    - a sensação é tudo

    - procura a totalização das sensações: sente a complexidade e a dinâmica da vida moderna e, por isso, procura sentir a violência e a força de todas as sensações – “sentir tudo de todas as maneiras”


    - cativo dos sentidos, procura dar largas às possibilidades sensoriais ou tenta reprimir, por temor, a manifestação de um lado feminino


    - tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir


    - exprime a energia ou a força que se manifesta na vida

    3ª Fase- "Pessimismo"

    - dissolução do “eu”

    - a dor de pensar

    - conflito entre a realidade e o poeta

    - cansaço, tédio, abulia ("Um supremíssimo cansaço,/ íssimo, íssimo, íssimo,/ Cansaço...")

    - angústia existencial ("Esta velha angústia"; "Apontamento"; "Lisbon revisited")

    - solidão

    - nostalgia da infância irremediavelmente perdida (“Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”, Aniversário)


    • A nível estético-estelístico:

    Verso livre, muitas vezes longo;

    Estilo impetuoso, torrencial, nervoso e xcessivo, expressando o mundo das sensações e das máquinas;

    Frases nominais

    Desvios sintácticos

    Interjeições

    Substituição de fonemas

    Uso de apóstrofes, exclamações, aliterações, anáforas, repetições, sinestesias, metáforas, personificações, hipérboles, onomatopeias, etc...



    Todas as cartas de amor são
    Ridículas.
    Não seriam cartas de amor se não fossem
    Ridículas.

    Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
    Como as outras,
    Ridículas.

    As cartas de amor, se há amor,
    Têm de ser
    Ridículas.

    Mas, afinal,
    Só as criaturas que nunca escreveram
    Cartas de amor
    É que são
    Ridículas.

    Quem me dera no tempo em que escrevia
    Sem dar por isso
    Cartas de amor
    Ridículas.

    A verdade é que hoje
    As minhas memórias
    Dessas cartas de amor
    É que são
    Ridículas.

    (Todas as palavras esdrúxulas,
    Como os sentimentos esdrúxulos,
    São naturalmente
    Ridículas).


    Álvaro de Campos



    (Um poema bastante conhecido, que já tinha ouvisto várias vezes, mas não tinha a noção que era do Álvaro de Campos, ou melhor, de umas das personagens de Fernando Pessoa!!)